segunda-feira, 26 de junho de 2017

Para uma das pessoas mais complicadas que eu conheço

Anos atrás você disse que seríamos amigas sempre. Cada uma de nós fez seu papel: eu a rebelde com dificuldade enorme de aceitar qualquer demonstração de carinho, você com seu cancerianismo exacerbado, cansativo, irritante de surreal.

Já gritei com você, desliguei telefone na sua cara, já disse que nunca ía mais falar contigo, já aceitei você sumir, já te odiei pelo mesmo motivo. Você é uma pessoa muito difícil de se gostar assim como eu e talvez por isso a gente se mereça.

Ano passado quando eu te conheci eu fiquei em choque porque é normal as pessoas dizerem a mim 'nossa como você é forte' mas eu te digo, de novo, eu não conseguiria sobreviver ao seu pacote. Eu não conseguiria esconder tudo isso atrás de risadas que fazem o social mais fácil. Eu não conseguiria não odiar todo o mundo.


Eu sei que você tá tentando escolher uma estrada mas aprendi comigo que a gente as vezes cansa e precisa de um ritmo mais leve.

Já já no meu fuso você chega nos seus 40. Entra em um ano 7 como as trombetas do apocalipse, como as portas do céu. Será fantástico.

Mesmo que você olhe para trás e veja mediocridade por cima, por baixo tem uma puta de uma capacidade de viver. Eu te disse e repito: muitos não sobreviveriam andando a sua estrada.

Lembra o que eu te pedi....a gente nunca sabe quanto tempo mais teremos uma a outra mas quando o dia chegar a única coisa que vai me importar é saber que você teve o que queria. Hoje, com a certeza mais plena do mundo, eu sei que quando alguém se vai e essa questão não se responde, é revoltante.

Se algum dia mesmo que por minutos você sentir borboletas na barriga ou nada demais e descobrir que valeu, valeu viver tudo isso me avisa. Eu espero todos os dias por essa mensagem. Saber que finalmente você chegou lá.

Faça o melhor que puder do SEU dia. Se dê o melhor presente que você achar que cabe. Amanhã procuro uma igreja nova, te acendo uma velinha. Vai que ajuda não é mesmo ?

Obrigada por ser parte daquele pacote onde eu boto as coisas pelas quais eu dou graças e que me fazem dizer o quanto eu tive sorte na vida.

Don't give up.


quarta-feira, 17 de maio de 2017

Tcpa - dia 1

"Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica é um transtorno psiquiátrico que acaba por desencadear muitas patologias orgânicas como dislepidemias, obesidade, hipertensão, diabetes entre outras.

NO TCPA a  atitude caracterizada por episódios de comer grandes quantidades de comida em intervalos curtos de tempo, sensação de perda de controle sobre o ato de comer e, em seguida, arrependimento de ter comido. Esses episódios de hiperfagia são referidos na literatura "

Eu, Paula, começo hoje a caminhada contra o TCPA. A impotência perante a comida é exatamente igual a de qualquer outra adicção.

Hoje, depois de muito ler e de blablabla com o terapeuta essa clareza se fez.

Conviveremos em harmonia e respeito.

I am human, after all.

Sigamos.

segunda-feira, 27 de março de 2017

Querida Lara

Eu vou eternizar esse dia 27/03 porque foi o dia que você daí do seu mundo entrou num quartinho escuro dentro de mim, acendeu as luzes e abriu tudo que estava guardado e eu sequer imaginava.

Eu tenho episódios compulsivos que hoje 2017 me impressionam. Comecei a terapia recentemente para ter ferramentas para lidar com o turbilhão mas eu tinha muitas perguntas de "onde, por que" eu faço isso? E aí você chegou.

Confesso que até agora tenho um bolo na garganta, que ouvi seus snaps parei, fui treinar pra desanuviar e só então terminei. Que caos a minha cabeça nesse momento.

Veja, está ruim mas não é ruim, hoje ao te ouvir eu consegui ver os porques nitidamente. São lembranças difíceis de acreditar mas fazem todo o sentido agora.

Eu não passei fome, em minha casa havia muita fartura porém misturada com a miséria, uma coisa "Nono Correa" chamada "não pode".

Eu era horrível porque, assim como você, eu ía a casa das amiguinhas e queria comer, comer muito porque em minja casa tudo do gostoso era contado: um bife, um pão, um bombom. Óbvio que o arroz ,feijão, salada e frutas eram liberados mas quem quer isso sabendo que tem um freezer de refri, um dispensa cheia de leite condensado, um armário repleto de chocolates? Só louco.

Meus episódios são desencadeados pós frustração ou bebidas. Volto para a dieta com mais velocidade hoje,  porém o último demorou quase um mês para passar. Tombos e mais tombos.

Tudo bem agora eu tenho um quarto bagunçado pra limpar e as ferramentas, sei que vou conseguir. Agora é enfrentar.

Obrigada. Eu as vezes me exponho tanto quanto você e me critico quando levo uma bordoada da vida por falar demais. Hoje entendi o poder disso, que o sendo honesta sobre mim eu posso muito mais ajudar do que fazer mal exatamente como você o fez.

Sigamos. A sua estrada está mais clara, a minha eu ainda estou dando baby steps mas vencendo muito mais do que perdendo.

Obrigada, hoje daí de S. Paulo você salvou alguém que tá do outro lado do mundo e isso, e é por essas e outras que vale o existir.

Beijos da onça
Paula

sábado, 4 de março de 2017

Um caminho de salvação chamado dança

Dada a minha eterna luta com o corpo, saor só para comer era algo muito complicado durante o casamento.

Pensando nas inumeras oportunidades que o Rio de Janeiro oferece para samba e forró fomos eu e o bosta fazer aulas.

Eu entendo que pro homem o dançar seja mais dificil. Um homem que conduz bem te leva aos céus e obvio, pro cheio de ma vontade, não rolava continuar.

Quando o carrinho de rolimã do fim apontou no topo da ladeira do casamento eu voltei para a escola de dança do Jaime Aroxa. Segunda a sexta eu estava ali. Eu precisava daquilo. A forma como a escola conduz as aulas te obriga a buscar a melhor mulher dentro de você, a mais linda, a que quer brilhar. Naquele momento era difícil demais mas eu não desisti.

7 anos nessa estrada e hoje meu 2017 está repleto de festivais de forró europa afora....e por que? Porque eu quero conhecer algo novo e a noite ter prazer, uma alegria visceral, uma satisfação.

Gonzagão jamais poderia imaginar o seu "chora sanfona sentida" mundo afora repetido em tantas diferentes linguas. Eu me emociono, é lindo demais.

Quanto ao me encontrar, demorou, mas hoje eu não tenho medo de errar o passo, eu quero dançar e achei o equilibrio entre ser a melhor e ter alegria. É lindo e mágico.

Experimente...a música opera milagres.

quarta-feira, 1 de março de 2017

E viveram desamados para sempre (ou o luto do divórcio)

Entre mil e um pensamentos sobre esse tema, o qual eu volto sempre, uma coisa é certa: no dia que disse ao meu então marido que aquilo que ele oferecia não cabia com a vida que eu queria ter, eu estava escolhendo me dar uma chance. Eu merecia um recomeço e eu tinha que cortar o laço.

Nos meus inumeros diálogos internos ser infeliz para sempre e viver de aparencias não cabia no que eu acho ser minha razão de existir.

Levar poucos meses uma grande mentira me era muito sacrificante, a energia da vida se esvaia. Não é drama, é real, visceral.

No purgatório chamado pós divórcio, eu entendi porque muita gente prefere o infelizes para sempre, o estável, o seguro. O buraco negro que te suga quando você anuncia que o relacionamento terminou é bizarro. É mais que normal não querer entrar nele.

No dia que você se diz: hoje acabou tem muito mais coisas acabando junto mesmo que você não se dê conta:

- morrem todos os seus sonhos de menina
- morre sua esperança de que é possível viver um amor
- morre a esposa que você se fez
- morre toda expectativa posta sobre o casal (e lhe é cobrada eu garanto)
- morre um pouco de você

Eu demorei anos para escrever porque o luto não é pequeno e o tempo dele é muito pessoal. Não há foda do exorcismo que cure de imediato. Não funciona assim, palavra de onça.

Entenda que por mais que você termine sua relação porque o outro era um bosta, a sua parte de ter escolhido permanecer anos, meses ou dias com o bosta, conta como 50% da culpa sobre a sua dor. Perdoar isso é muito trabalhoso.

Eu queria e quero continuar a escrever sobre isso e vou fazê-lo aos poucos. Talvez alguém leia, talvez alguém esteja agora onde eu estive em 2009 e eu gostaria muito d ter sabido tudo que viria depois.

Se você está lendo  esse texto porque esse é seu momento, eu te garanto, a cada dia que você viver no novo mundo, um pouco da pessoa que você era vai sair de você. Não tenha medo. Dê boas vindas ao futuro, você está se dando uma chance e merece flores.

Coragem

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Você vai superar essa menina

Querida Pequena Paula,

Do futuro eu te digo, "isso vai mesmo passar". Pode acreditar.

A vida repetirá infinitas vezes o ciclo encantar-se/construir castelos/decepcionar-se/sofrer e ele se aplicará a absolutamente tudo: amizade, trabalho, relacionamentos (eu quase escrevi amores, mas não é bem assim).

Ao longo da sua vida você viverá graduações do sofrer. Tem um seco, tem um quase neonatal de tanto choro e posição fetal, tem o furacão. Acredite, eles passam mesmo.

Eu sei que é difícil, eu lembro suas primeiras decepções em cada um dos items citados. Você chorou muito, você teve medo, você se maltratou mais ainda por aquilo. Uma coisa é certa, hoje daí onde você está parece não haver luz, mas há. Você vai conseguir achar seu jeito de fazer amizade com a dor e de repente, sofrer menos. Aqui do futuro, a dor dura pouco, bem pouco.

O tempo ensinará você a rir daquilo que serão suas meórias e você dirá "eu achava que ía morrer". Daqui, de onde eu vejo tudo mais calmamente, você morreu sim, muitas vezes. Não tinha como não ser assim. Olha a figura de um coração. Alguns dirão que ele é particionado em cavidades e eu te direi: parece ter sido feito para ser remendado. Nunca voltarás à inocência inicial. Isso é o amadurecer.

Pode ficar triste, é um direito seu, use-o. Eu te garanto que conforme os anos passam, você terá tantas formas de sofrer que em algumas horas a luta interna será não a tristeza em si mas sim, como colocá-la numa caixinha que você já conhece para facilitar a superação.

Fica bem, não se preocupe. Daqui de longe eu te garanto que amor não é o que você imagina bem como felicidade. Nenhum dos dois tem como base excitação mas demorará muitos anos para que você descubra isso.

Pode deixar ir pessoas e coisas, faz parte do processo.

Por fim, não tente entrar em lugares que não te cabem. Não tente ser como todo mundo. A glória do seu existir chegará no dia que você descobrir que ser essa confusão toda é que te faz especial.

Fica bem.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Com o passar do tempo, o choro durará menos

Hoje eu pensei muito nas outra 38 paulas que eu fui (usei os anos para facilitar as contas mas foram muitas faces).

Toda vez que eu passo por ondas de choro (que não são poucas), eu penso nos tantos outros choros e dou uma relida naquelas dores.

Hoje, recém saída de uma das ondas, eu pensei: se eu contasse para a Paula que com o passar dos anos tudo doerá menos, ela não acreditaria. É, eu sou setembrina, São Tomé, eu jamais acreditaria em algo assim porém é  mais bela verdade.

Quando desço pro buraco do choro eu vou, pego um cantinho e fico mal, na intensidade que a situação merece, com o descontrole e a falta de dignidade que o fato requer. Choro escolhendo alface sem nenhum problema. É necessário. A grande e fantástica diferença é que no passado essas ondas eram ressacas, duravam dias, pioravam com o tempo e hoje não. Incrivelmente não.

Hoje você visita a miséria humana com um vento já te soprando ao ouvido que "já já aquilo não terá importância" , mas a gente tem que viver a tristeza e eu me jogo. Após dois dias, estar assim dá irritação, e sem estar exposta a novas váriaveis perde o sentido permanecer sentindo que o mundo acabou. Agora, no meio campo dos 39, você junta todas as frases que ja te levantaram, consolida e vai se montando.

No final desse processo que envolve música, espelho e abertura ao mundo quer te dar, aparecerá a fenix. Chega até a gente um desejo louco de mudar cabelo, casa, cor de batom e aí a energia volta a circular e o alivio nasce. É muito bom.

Na minha viagem do tempo eu diria isso a mim mesma. Acho que para qualquer uma delas, uma coisa seria verdade: a convicção de me ver tão melhor emocionalmete aos 39 já daria um super alivio e com certeza o choro iria  se findar.

Agora levanta daí, vai se arrumar até olhar ao espelho e sentir-se "bonitona e vá brilhar.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Mais respeito com a gordinha que fomos, por favor

Pensei nesse post hoje cedo enquanto fazia minha corrida, ainda principiante, mas já muito acima do que eu fazia ou faria tempos atrás.

Quando subi para fazer o post tocava Foo Fighters:

"it's times like these you learn to live again
it's times like these you give and give again
it's times like these you learn to love again
it's times like these time and time again"

É sobre isso o post. Sabe aquela gordinha que eu fui?Eu tenho muito respeito por ela e não suporto ver quem emagrece fazendo mal àquela pessoa que você deixou de ser, aquela sua fase porque no fundo eu acho que isso não ajuda nada o ego.

Aquela gordinha chorou muito, muito mesmo. Aquela gordinha não tinha suporte familiar para fazer uma dieta e ainda pior,o bullying acontecia em inúmeros momentos dentro de casa. E o que ela fazia?Chorava e comia.

Nada cabia, entrar numa calça jeans era um sacrifício enorme que se tornava imensamente pior quando acompanhado de pessoas que falavam "ficar emburrada não resolve". Acho muito melhor ficar emburrada do que dar na cara das pessoas ou quebrar uma loja toda mas, são apenas pontos de vista.

Quem passou por isso?A gordinha cara,a gordinha metia a viola no saco e ía chorar no banho, no quarto. Então mais respeito com ela porque ela aturou muita merda que hoje não, no seu corpo mais magro, você de hoje não vai conhecer.

As pessoas falam para mim" você não precisa mais de dieta". Óbvio que não.Eu tenho um corpo com distribuição de peso saudável e bons exames de sangue e isso é SÓ PORQUE eu nunca parei desde 2002 quando decidi abandonar o 48. Não é um milagre, não é uma coisa sem precedentes, é consequencia desses últimos anos todos me cuidando. É zelo.

A gordinha era a mais legal, era aquela que os meninos não queriam beijar para não perder a amizade. Podia até ser verdade mas o fato é, também tinham todas as magrinhas com roupas novas na cidade. Por que eles olhariam pra gordinha legal? Era normal para mim sair e ser transparente e ficar abobada ao notar que alguém me olhava. Nos meus 13 e 14 anos eu realmente tinha um corpo legal porque jogava muito volley, treinava muito e quase não comia depois que um professor de educação física disse "ela não consegue por ser gorda". Ao mesmo tempo, eu era agressiva e tinha que ser mesmo, eu vivia uma batalha enorme.

Hoje eu sigo a MideSimone no snapchat e quando ela descreve o passado dela, do não olhar-se no espelho e não ver-se "daquele tamanho" eu entendo literalmente. Me lembro de chorar durante a estadia dela no Brasil quando a comida da vó era tudo menos low carb. Doeu em mim, como se fosse comigo. Eu sei o que é estar ali.E ainda dói.

 Eu quase não tenho fotos do meu periodo 86k que foi o meu máximo. A gordinha tende a apagar-se dos momentos, ser a que tira fotos. É duro gente, não é fácil.Então mais respeito com ela. A gente teve mil motivos para não emagrecer e nenhum deles era "porque ser obesa é delicioso" eu te garanto.

Eu vejo programas de emagrecimento e choro, detestei "Pequena Miss sunshine" ou o "O Professor aloprado" porque para mim não tem graça. Quando eu vejo gente dando comida para criança não chorar eu quase morro. Não ensinar que a comida te tira de uma situação de insatisfação é a base para não criar um obeso. Açucar é bom demais mas demais vai destruir sua vida como qualquer outro vício e eu não tenho a menor dúvida sobre isso.


Por fim vamos celebrar nossos corpos menores, mais esguios, as fotos com alguém menos disforme, o fato de não ser mais ponto de refêrencia como um poste ou uma esquina mas vamos honrar a memória da gordinha que não desistiu de viver e um dia decidiu construir a pessoa de glória que você  eu somos hoje.

Beijos doces porque é domingo e merecemos.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Conhece-te a ti mesmo

Eu sou romanticona né? Daquelas meio estabanadas mas choro em filme, choro na tpm, choro de emoção...um caos. Sempre fui, me diziam, chata.

Tudo bem...

Uma das cenas de filme que marcaram a mim foi o dialogo do Richard Gere e Julia Roberts do filme "noiva em  fuga". Parece uma coisa sutil mas ele diz algo grande: "voce nem sabe como  gosta de ovos" - e segue citando os ex da mesma e suas predileções e como ela os copiava.

Cenas passam e ela dá a cara pra bater provando ovos e suas mil possibilidades.

Desde 2015 mais ou menos sai de uma palestra do centro espirita daqui onde falou-se do conhece-te a ti mesmo. Aquilo me perturbou. Chegada a noite eu "googlei" buscando alguém que me dissesse "como"...Sou virgo né? Eu queria um método, um processo para seguir. Óbvio, para minha surpresa, não tem.

Então o que eu fiz e faço...observar...observar...e cavucar e cavucar.

É um processo solitário demais porém engrandecedor. Com ele,  eu comecei a tirar da minha vida pesos, coisas, pessoas mas principalmente, comportamentos nocivos.

Você já parou pra pensar quanto desamor você se dá quando faz algo que contraria você, seu principios? Pera aí, como é mesmo "ao próximo como a ti mesmo"? Paramos aí e começamos também desse ponto.

Eu tenho 1 obrigação: trabalhar. É com meu trabalho que como, durmo, viajo, bebo, pago contas ou seja, 9h do meu dia, não importa como, eu vou me sacrificar a aturar gente que não gosto, no atual momento, pessoas fedidas, cafe ruim e morno e processos burros. O que eu não permito: misogenia, sexismo, xenofobia . No passado, assedio moral.

E o resto, haja visto que me sobram 15h todo dia... nessas horas, eu cuido de mim. Pode ser manicure, cabelo, pé, mão mas o pacote é mto maior. Nessas 15 horas eu sigo o meu desejo, eu cuido da minha casa, eu como algo com sabor, eu me divirto, durmo, bebo breja, faço o que meu corpo e mente me pedirem dentro do possivel  porque somos merecedores do gozo, da jóia.

Hoje é mais fácil para mim ver um X que me faz mal e achar ou um atalho, ou uma solução paletiva ou definitiva. A Paula não pode permitir que a paulinha chorona fique triste, não mais. Sou eu cuidando de mim no sentido maior porque "me entendo muito mais também" - já dizia Gonzaguinha.

Vai, faz algo, pára tudo e pensa em uma coisa que te dá prazer e se permita. Não é errado, não é egoísmo é amor. O tal do amor próprio. O mundo só tem a ganhar porque você será um alguém mais pleno porque se deu um mimo.

Vai, descobre seu tipo de ovo, sua flor, seu doce ...o mundo tem uma vastidão enorme de mini coisas que te oferecem uma imensidão de bem. Conhece-te a ti mesmo todo minuto.

Por fim, a dica maior é, percebeu que algo te incomoda, que engoliu um sapão: pára, tira tempo, se pergunta os porquês e se a resposta não for: porque é o que me faz bem, feliz: joga fora.

Beijos

Ps: lembra que ser egoista é ser alguém que sacrifica outros para seu bem, para seu gozo e o cara que se ama ele faz um processo interno de autosustentação do estado de graça e o que faz consciente com certeza, não afeta com mal estar o seu redor.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Mais respeito a economia, por favor

Se tem uma coisa que me mata é o conceito do: compra aí que é tudo bem mais barato. Vou fazer as comprar do ano só quando for aos EUA porque é muito mais barato. Ah! Menos gente.

Eu fui ler porque nos estados unidos tudo é mais barato para entender como eles conseguiam. Não foi muito fácil de entender . Tem relação com o fato de bens produzidos lá terem recursos em gerais mais baratos, matéria prima mesmo e muitos benefícios porque é o país mais endividado do mundo mas é o pai de todos o fura bolo e o mata piolho.

Eu fico passada quando vejo alguém alegando que iria comprar algo nos estados unidos porque só custava X. Sim, eu entendo, estamos falando do preço da etiqueta mas e todo o contexto dos gastos da viagem, onde foram colocados? Eles estão também contando por cima do preço que está na etiqueta então não é só uma matemática de conversão de moedas, é custo global.

Vou fazer uma estimativa agora:

- passagem da copa ida e volta pra orlando 2400 brl
- hospegadem: 5 dias no hotel 3 *** mais barato 1100
- transporte: menor ideia
- comida: menor ideia

Ou seja em dias atuais além do preço das etiquetas tudo que você comprar tem que incluir o mínimo que são os 1200$ dos valores que descrevi acima.

Aliás, vale lembrar, dólares esses que você já comprou oficialmente perdendo algum dinheiro em relação ao cambio oficial o que também deveria ser levado em consideração no preço da etiqueta.

Ah mas você é tão chata com as coisas... sim, eu sou mas eu prefiro o mínimo de racionalidade ao explicar um fato e não uma simples banalização da economia baseado num discurso que é irritante, errado e cria uma ilusão do mundo perfeito.


sábado, 7 de janeiro de 2017

A brasileirofobia - Uma doença a ser tratada

Me irritei,me irritei, me irritei.

Uma das piores coisas na vida é a ignorância.No meu mundo, classifico o ignorante em 2 grupos: o analfabeto (com suas nuances), e os graduados. Posso entender que uma pessoa que nasceu e cresceu no "mato" e sem interesse nenhum no mundo resuma sua vida e suas referências ao seu pequeno mundo. Tenho mais paciência com esses ignorantes porque sendo escolha ou não, há pouco conhecer e pouca amplitude da visão. Tudo bem.

O grupo dois eu tenho 0 paciência. Comece a frase com: coisa de brasileiro e siga num contexto pejorativo que meu sangue começará a ferver. Se você é desses, melhore sabe? A pessoa nasce, cresce, se forma, reproduz e morre no mesmo pedaço de terra e aquilo é sua referencia para tudo no mundo. "Queguido" vá completar seu país até chegar no  8.515.767,049 km e aí faça sua resenha. Acabado isso vá viver em uma cidade de tamanho equivalente à sua em qualquer outra parte do mundo. Fique nela pelo menos 3 anos e faça uma nova resenha.

Eu nunca ouvi um Belga falar mal do próprio país sabia? Isso faz deles melhores que nós? Não, mas a impressão eu confesso ser bem melhor. Dado ao fato que meu quadro de amizades é muito mais latinofonico que qualquer outra coisa, devo confessar que talvez a síndrome de colocar o próprio país na merda tenha a ver com a raiz linguística. O diálogo será sempre isso é ótimo, isso é maravilhoso e terminará mas A, B, C são uma merda. Fica aqui declarado que não convivo com franceses e a única romena que conheço não fala de seu país então minha opinião exclui ambas.

Em um futuro não muito distante quero morar em outro país, por mais três anos e ver ainda mais quão equivocados somos quando avaliamos um lugar pelas fotos ou dias de férias que passamos. Uma cidade só se conhece verdadeiramente vivendo nela, pagando contas, indo ao mercado, bancados sempre com seu salário. Uma realidade vivida na íntegra. Qualquer outra coisa, no meu mundo, são férias, brincando de morar fora.

Nasci em Cambé e detestava, fui pra Londrina e foi menos pior porém ainda ruim porque os valores sociais não casavam com os meus. Fui para o Rio e a vida com chinelos casou comigo. Queria ter outra experiência em São Paulo para falar mais, queria muito dar a ela a possibilidade de se mostrar como eu imagino ser o potencial de maior cidade da américa do sul. Buenos Aires o melhor resumo me deu o Lele: ou você cai em um buraco ou pisa na merda. Roma segundo um outro colega deveria ter sumido do mapa e hoje com sua chineirização eu concordo que precisamos de um outro Nero. Bruxela não é caótica se você morar bem e não usar carro para nada e aliás nem tiver carro e os motivos estão em meus vários outros posts sobre isso.

O mundo que eu passei, que contém culturas e cidades diferentes onde vivi no mínimo 2 meses e no máximo 14 anos, me permitem dizer que o ser humano é em sua grande maioria o erro não importando o lugar nem a nacionalidade. Eu prefiro usar meu no meu discurso, e corrigir os ignorantes, dizendo não é o brasileiro, é o humano. Espero que ao menos a diferença o ouvinte (e nesse caso o leitor) saiba fazer.

Beijos da onça meio sem esperança de melhoras.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

2016 - Nada será como antes

Eu não sei porque apesar de lembrar muitas coisas em 2016 eu sofri um apagão. Eu não lembro o que aconteceu antes de março. Sei que voltei do Chile dia 01/01 tenho um branco e vem o dia do atentado.

É meio complicado explicar eu não fiz esforço para esquecer antes daquele dia nem sei o que lembrar. Talvez nada. Não achei fotos. Se aconteceu algo aparecerá de novo num evento qualquer desses dias nostalgicos onde eu revejo várias fotos.

Aquela terça foi um stress. Era meu dia de brilhar. O meu dia de mostrar que eu não estava naquele posto naquele local só por ser mulher e fisicamente interessante. Era minha apresentação, dias de preparação revisão para consolidar tudo que eu podia contribuir e finalmente calar bocas. Assim eu saí de casa naquele dia e a pessoa que voltou já não era mais a mesma.

É muito díficil para qualquer pessoa fora desses eventos entender o que significa estar numa cidade no dia e hora de algo fatídico. Foi muito difícil para mim aceitar que me causou um processo irreverssível.

Eu cheguei em casa eu fiz meu post falando que estava bem. Bebi as cervejas que comprei no caminho de casa. Eu estava bem, só que não.

Eu sofro de retardo para entender algumas coisas que eu vivo. Meu instinto de sobrevivência me leva ao lugar seguro e ao longo das horas ou dias eu vou entendendo o que aconteceu. O atentado foi péssimo mas tudo que veio depois foi tão pior quanto. Cada vez que uma cidade explode depois daquilo as mortes daquele dia perdem ainda mais a razão de ser porque nada foi aprendido. O mundo não está mudando porque aquelas pessoas morreram.

Naqueles dias de março eu tive o acordar. Eu estava mecanicamente voltando ao meu maior erro; aceitar qualquer merda para sobreviver em um trabalho. Local repleto de gente preconceituosa, sexista e misógena e eu ía todos os dias agredindo a ninguém mais que a mim. Acordei pro bem e pro mal, eu acordei.

[enquanto eu digito eu acabei de lembrar, em fevereiro eu mudei de casa e foi o máximo]

O ser humano é estranho e eu tive que entender isso sozinha. A grande maioria das pessoas quis saber se eu estava viva (e algumas até me lembraram que eu tinha que agradecer muito por estar viva), mas muitas vezes, como diz a música, 'e viver assim é quase morrer'. O meu caos privado eu vivi no meu silêncio usual. Há sempre o percentual de mim que está na zona segura restrita privada onde eu construo e desconstruo a Paula do mundo.

Todo mundo está ocupado no seu mundo com suas prioridades vivendo as suas vidas e esperando que quem importa esteja vivo ou tanto faz. Eu também. A diferença é que eu entendi que tem uma grande diferença em estar VIVO e estar sobrevivendo. Eu escolhi viver.

Foram zil licenças médicas, foram duas zil mudanças de tudo trabalho, corte, cabelo, bebida, foi um cavucar de alma para buscar um recomeço. Ninguém tem obrigação de me entender, nem me seguir, nem aceitar mas tampouco eu permitirei expor a coisa mais importante do meu mundo, ou seja, a minha vida, a o que quer que seja que me faça mal. Não mais. Me isolei do mundo, fiquei comigo, e recomecei a fazer o que deve ser prioritario: construir o amar a ti mesmo para que possa amar aos outros. Encher-se para poder ajudar com o que de ti transborda assim disse meu terapeuta. É uma viagem solitária por muitas vezes mas ela me dá muito mais do que a perversidade humana me tira.

Voltei a degustar a vida como ela deve ser feita. A cada dia vou atrás de mais um pedaço do que eu nasci para ser e grudo em mim para que mesmo que me pareça estranho hoje amanhã virará um habito e eu estarei inteira.

Se servir de conselho, pegue a explosão da sua vida, mergulhe no seu luto e renasça porque a adversidade inesperada é muito mais impulsionadora da sua vida que muita gente que te diz querer bem.

Não é o morrer hoje ou em 100 anos que muda tudo, é o que você fará daqui até o fim é o que conta.