sexta-feira, 22 de março de 2013

Vamos falar sobre família?

E não é que para surpresa da onça, ao buscar a etimologia de família descubro que deriva de famulus que significa ESCRAVO? Ótima tacada do destino.

Sim sim, estou ácida hoje. O que são muitas "famílias" senão um aglomerado de pessoas escravizadas por uma norma social? Nasceram no mesmo teto e tem que se estar sempre bonito e são tantos os "tem quês" que muitas vezes ela perde razão de ser.

Hoje vi a peça "Aos nossos filhos" e sim vamos falar das novas famílias e das velhas famílias e obviamente da música belíssima de Ivan Lins...


Perdoem a cara amarrada, 
Perdoem a falta de abraço, 
Perdoem a falta de espaço, 
Os dias eram assim... 

Nos dias de hoje temos mães solteiras, pais solteiros, pais separados, pais unidos pela convenção, pais que se amam, pais homoafetivos. São muitas as possibilidades, não era assim no tempo da vovó mas é a nossa realidade. E o que fazer com ela? E como explicar aos nossos filhos essa confusão? E eu vos digo caros seguidores da felina, digam que a coisa mais fundamental para os filhos é que sejam frutos do amor, sejam frutos de uma escolha amorosa como fazem as famílias que adotam.

A peça está aí pra levantar a temática: será que família é aquela com pai e mãe (ou melhor 2 figurantes ocupando postos de pai e mãe), ou aquela onde há 2 homens ou 2 mulheres que lutam incessantemente para ter uma criança e completar a família? E o que acontecerão com essas crianças na escola? Como eles vão se explicar? Como eles vão se adequar? E mais uma vez a onça dá um pitaco dizendo: OS TEMPOS MUDARAM. Os velhos conceitos estão arraigados na criação retrógrada que muitos de nós tivemos. Para muitas crianças, para muitos jovens, pouco importa. Sempre detestei alguém valer ou ser desmerecido pelo que sua família fez ou deixou de fazer.

Quando houve aquela desgraça com os Nardoni, quantas pessoas da mídia se preocuparam com os 2 meninos em idade escolar que estavam vivos? Quem teve cuidado ao descrever a crueldade da morte da menina sem pensar que uma daquelas crianças poderia estar vendo tv? E quem pensou como olharam pra elas quando foram pra escola? E quantos amiguinhos eles perderam? D-ú-v-i-d-o que a sociedade tera hipócrita que vivemos levou isso em consideração.

E quando lavarem a mágoa, 
E quando lavarem a alma 
E quando lavarem a água, 
Lavem os olhos por mim... 

Quando brotarem as flores, 
Quando crescerem as matas, 
Quando colherem os frutos, 
Digam o gosto pra mim...

Eu filha, ainda não mãe, ainda sem flores passei a vida fazendo micro famílias por onde vaguei. Não conheci menos valores famíliares por isso, muito pelo contrário, tive sorte de conhecer diversidade e uma pena não ter aproveitado melhor tudo que conheci na estrada da vida, sem ser escravo de ninguém além do destino.

Repensem seus valores, repensem onde fincaram seus valores familiares e veja se há no esterco dessa árvore: amor, atenção, companheirismo, verdade, carinho - e não importa qual seja sua escolha de família do século 21 ela esta fadada a ser feliz e não somente, uma convenção social.


Caixa Cultural
De 08/03/2013 até 31/03/2013



terça-feira, 19 de março de 2013

A distância entre nós

O livro tem um enredo meio óbvio mas no fim você acaba dizendo: que droga ser tudo assim mesmo. Não pela história ser óbvia mas é porque é real.
Você pode centralizar o foco da leitura no drama da menina Maya e ser muito duro pensar numa vida sofrida porém com pinceladas de doçura do amor familiar. Outra opção é ver a história da madame Serabai que sofre horrores na mão da sogra e do marido Feroz e achar que é mais uma das muitas histórias de mulheres espancadas por marido que acreditam que vai ser diferente. A última opção é você olhar a luta de Bhima, avó de Maya e empregada de Serabai.
Li o livro em 5 dias mas chega um momento que não dá para não terminá-lo. Inevitavelmente você vai querer que a parte mais fraca dê aquela virada em tudo, supere, vença, sobressaia e vai continuar desejando isso até mesmo depois que o último parágrafo for lido.
Dependendo do momento de sua vida algumas lágrimas vão aparecer. Se vierem, que sejam bem vindas. Há muitas distâncias no nosso mundo, há muitos massacres em toda história e o livro de Thrity nos dá só uma pitada delas.
Compre, empreste se quiser arejar a cuca. Nada de filosofar. Não é mesmo para isso.